NO BRANQUEAR DOS CABELOS
Desviveram os adolescentes rubores
que esbrasearam amáveis tempos de encantos.
Os viçosos corpos entoavam seus cantos
e desatendiam a quaisquer dissabores.
A vida seguia, rosário de favores,
propiciando muitos protetores mantos
que resguardavam dos temores e dos prantos.
Choro havia, mas tinha muitos resplendores.
O tempo, que conduz e concede favores,
parece controlar o concedido e quantos
pode outorgar, sejam aflições ou amores.
Se, no branquear dos cabelos, tristes cantos
forem cantados, em vez de à vida louvores,
não se buscou o sol, mas escuros recantos.