Mesmas flores
Reféns de ideários trágicos nos faz
o tálamo entre a morte e a vida breve.
Com a pressa do prazer, precária verve,
nas vísceras de um sonho bruta assaz.
E o corpo, inda turrante, inda tenaz,
disputa cada fôlego, e se atreve
a ter o coração, qual fosse leve,
pulsando, palpitando a luta e a paz.
Listamos, gerações a gerações,
efêmeros fenômenos, milhões
de beijos emblemáticos e horrores.
E desta cerimônia crua, feia,
o fado crucial nos presenteia
na estreia e no final com as mesmas flores.