Mesmas flores

Reféns de ideários trágicos nos faz

o tálamo entre a morte e a vida breve.

Com a pressa do prazer, precária verve,

nas vísceras de um sonho bruta assaz.

E o corpo, inda turrante, inda tenaz,

disputa cada fôlego, e se atreve

a ter o coração, qual fosse leve,

pulsando, palpitando a luta e a paz.

Listamos, gerações a gerações,

efêmeros fenômenos, milhões

de beijos emblemáticos e horrores.

E desta cerimônia crua, feia,

o fado crucial nos presenteia

na estreia e no final com as mesmas flores.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 25/02/2020
Reeditado em 07/04/2020
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