BAFORADAS

BAFORADAS

Quando passei por ele, eram fumaças...

Sim, fumava e falava sem parar.

Ora deixando ideias soltas no ar;

Ora profetizando pelas praças.

Às vezes, de antever certas desgraças,

-- Com causa-e-efeito lógica a explicar--

Lembrava a chaminé d'algum lugar

Vomitando seríssimas ameaças:

-- "Menino, passe ao largo dos romances!"

-- E de forma sisuda, quase brava --

"O tempo não espera até que avances..."

Com tal ortodoxia s'expressava,

Que embora a se irritar com minhas nuances,

Em seus lábios a História esfumaçava.

Betim - 20 02 2020