Desencanto
Oh mundo encantador! Tu és medonho!
(Fagundes Varela)
Era-lhe a vida uma insípida comédia sem jeito,
Uma vaga ilusão de ópio,
Ele a vivia ébrio e merencório.
Era-lhe a vida breve como um soneto.
Seus dias, tão poucos, insano os gastou
Em orgias, nas bebedeiras, com poesias.
Amores? sonhos? O vinho ele amou,
Não tinha deus nem utopias.
Ao lado de bandidos e de vendidas dormia,
No negro chão das tavernas, triste alma,
Até que um dia acordou com o fim
De livrar-se daquele velho spleen,
Pistola na fronte, nos olhos a calma,
Foi buscar na morte alguma nova alegria.