OS LABIRINTOS DO SISTEMA
Ai Sistema, Sistema! Olha ao que tu chegaste!
Vieste de muito longe, qual mercador de ilusão,
Com mil e uma promessas sem tirar nem pôr,
E agora – se é que já reparaste? –
Não passas de vil labirinto em contramão
Secando as almas na ânsia e na dor.
Ai Sistema, Sistema! És o corpo de uma sombra,
Daquela sombra estranha, revelada em caos
De todos os projectos existenciais,
E agora, se olhares no lusco-fusco da penumbra,
És uma imagem nua e crua de ídolos maus
Que preenchem o louco mundo em mil e um sinais.
Não há heróis, nem sequer fios condutores;
Não há Ariadnes, nem paixões arrebatadas;
Mas tão só a roufenha voz de Minotauro
Em plena tempestade, entre servos e senhores,
Ecoando pelas inóspitas madrugadas:
– Venha o dinheiro! Eu alimento-me de ouro!
Da negridão da Vida, em pantanais recintos,
Eis os seus Labirintos, intos, intos, intos!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA