DORES
Descrever procuro em exíguas linhas
O que agora sinto, as angústias d’alma,
Ansiando por expor as dores minhas
Em constante busca da perdida calma.
A silente noite se aprofundando vai,
Soturnos pássaros cortando os ares,
Cá dentro o peito todo se contrai,
E sob a mesinha o triste Álvares.
Palavras mórbidas da tenra Lira,
As dores sofridas bem muito antes
Incrustam o verso que me inspira.
No pungente peito, como fios cortantes
Sinto que o fôlego lentamente expira
Os olhos marejam, lacrimejantes.