Introito de um homem supérfluo

“‘Va’, dit-il, ‘je te livre à ta propre misère;

Trop indigne de mes yeux d’amour ou de colère,

Tu n’es rien devant moi.

Roule au gré du hasard dans les déserts du vide;

Qu’à jamais loin de moi le destin soit ton guide,

Et le malheur ton roi.’”

(LAMARTINE)

Quando nasci, um anjo caído miltônico

Vi pela janela de meu quarto entrar –

De semblante orgulhoso e ódio no olhar,

Tomou a palavra e disse-me, lacônico:

“Na vida, Galaktion, serás herói byrônico!

Por incontáveis desertos hás de vagar

Tendo meramente o destino a te guiar,

Pois Deus abandonou-te e de ti ri-se, irônico!

E a mando do Pesar, que tomarás por rei,

Em meio a lágrimas vim para batizá-lo

E seu sigilo em teu coração gravarei.

Mas para que tão mal não venhas a julgá-lo,

O dom da poesia também te darei –

Pelo menos saberás como empregá-lo!”

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 11/02/2020
Reeditado em 28/02/2020
Código do texto: T6863744
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