Introito de um homem supérfluo
“‘Va’, dit-il, ‘je te livre à ta propre misère;
Trop indigne de mes yeux d’amour ou de colère,
Tu n’es rien devant moi.
Roule au gré du hasard dans les déserts du vide;
Qu’à jamais loin de moi le destin soit ton guide,
Et le malheur ton roi.’”
(LAMARTINE)
Quando nasci, um anjo caído miltônico
Vi pela janela de meu quarto entrar –
De semblante orgulhoso e ódio no olhar,
Tomou a palavra e disse-me, lacônico:
“Na vida, Galaktion, serás herói byrônico!
Por incontáveis desertos hás de vagar
Tendo meramente o destino a te guiar,
Pois Deus abandonou-te e de ti ri-se, irônico!
E a mando do Pesar, que tomarás por rei,
Em meio a lágrimas vim para batizá-lo
E seu sigilo em teu coração gravarei.
Mas para que tão mal não venhas a julgá-lo,
O dom da poesia também te darei –
Pelo menos saberás como empregá-lo!”