A fábrica

O portão da fábrica sob o céu sem brilho,

Encurralado pelo calor e a fumaça.

À essa fábrica a humanidade não passa

De mais um risível e inútil empecilho

E deste torpe sentimento eu compartilho,

Não quanto ao homem, mas quanto a maldita raça

De patrões, que veem em si divina graça

E impõem aos seus trabalhadores o grilho

Ri de nós quem essa fábrica coordena,

Jogando em nosso ar tal fumaça que envenena

E mata até quem dessa fábrica escapou

Tantos anos, tão rápidos, se passaram

No rio, nem mesmo alguns peixes sobraram

Após vindo o progresso, nada mais restou.

Raul Blasco Lopes
Enviado por Raul Blasco Lopes em 11/02/2020
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