A fábrica
O portão da fábrica sob o céu sem brilho,
Encurralado pelo calor e a fumaça.
À essa fábrica a humanidade não passa
De mais um risível e inútil empecilho
E deste torpe sentimento eu compartilho,
Não quanto ao homem, mas quanto a maldita raça
De patrões, que veem em si divina graça
E impõem aos seus trabalhadores o grilho
Ri de nós quem essa fábrica coordena,
Jogando em nosso ar tal fumaça que envenena
E mata até quem dessa fábrica escapou
Tantos anos, tão rápidos, se passaram
No rio, nem mesmo alguns peixes sobraram
Após vindo o progresso, nada mais restou.