Madrugadas
Para melhor falar das madrugadas
Tal como as aves que acordam cedo
Canto o silêncio qual vento ao arvoredo
Nas tristes liras de ânsias tão pesadas
No leito um pranto vazio em enxurradas
Com o pior sabor do fel azedo
E, eu ali tão só perplexo ao medo
Com as lembranças vivas e estampadas.
Passa a noite a ser assim tão pouca
E os delírios da vil vontade louca
Param meu tempo e ali a vida zera
No teto a chuva acalma-me no leito
E o meu pranto represa sobre o peito
Apagando a sombra escura da quimera.