Sombra

Esta minha impiedosa companheira

Que refaz minha fosca e vã figura

É infame ao mostrar a criatura

E me segue - acintosa - a vida inteira

Em silêncio se faz de mensageira...

Ante a calma da minha desventura

Ao meu lado, até mesmo em noite escura

Como amiga fiel e verdadeira

Sempre assim, é leal e nobre arcano

Refletindo o formato tão humano

Que reluz minha imagem revertida...

Quando esqueço quem sou, surge-me à frente

Reduzindo-me ao chão humildemente

Na volúpia imortal da minha vida