Escombros

Do alto da solidão, este recorte

que, relha do impossível, fere o passo,

à noite eu desabei. Foi do cansaço,

a me furtar a máscara de forte.

Exposto ali, nublei, buscando o norte,

meu ponto de existência neste espaço.

E me encontrei, sutil, no ínfimo traço

de vida em meu olhar, na última sorte.

Passai de longe, e vede o monumento

sólido, intransponível, que em tormento

eu finjo arquitetar mesmo de mim!

De perto, porém, muito não fiteis.

Ou notareis que tanta solidez

somente há nos escombros do meu fim.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 05/02/2020
Reeditado em 30/11/2022
Código do texto: T6859249
Classificação de conteúdo: seguro