Cálice de Cristo
Sob traumático e íntimo insucesso,
quanta aflição cada osso meu tirita!
Quase debuxa a minha cara aflita
A turva folha em que pavor expresso.
Salva-me, Deus, do rígido progresso
da depressão, que já meu peito habita.
Dá-me outra dor; porque esta, parasita,
fez da consciência um nevoeiro espesso.
Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?
Não vês que existe tão mortal contraste
entre o teu brilho e da minh'alma o breu?
'Fasta de mim o cálice de Cristo.
Mas, perdoando o meu clamor por isto,
que predomine o que é desígnio teu!