Cálice de Cristo

Sob traumático e íntimo insucesso,

quanta aflição cada osso meu tirita!

Quase debuxa a minha cara aflita

A turva folha em que pavor expresso.

Salva-me, Deus, do rígido progresso

da depressão, que já meu peito habita.

Dá-me outra dor; porque esta, parasita,

fez da consciência um nevoeiro espesso.

Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?

Não vês que existe tão mortal contraste

entre o teu brilho e da minh'alma o breu?

'Fasta de mim o cálice de Cristo.

Mas, perdoando o meu clamor por isto,

que predomine o que é desígnio teu!

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 04/02/2020
Reeditado em 04/02/2020
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