SONETO DA MONALISA
Ah, por que o palhaço sendo triste
Transforma o picadeiro num mar de risos
E o que dizer do poeta que resiste
Vence o sono, atrás de versos concisos
Solidão comum canalizada em arte
Aplauso efêmero saciando em parte
A fome de paz que atormenta, pobres mortais
Mambembes anônimos, sem pinturas, recitais
Carregam lápis, os papéis, a lona e as tralhas
Dormem ao relento ou mesmo entre as palhas
Ah, porque sendo amantes de Monalisa
Dividem a mesma pista boêmio e cigano
Enigmático semblante suscitando engano
Doce saudade daquele perfume, da brisa