LEITURA
O ceu está a chorar e a lua nervosa,
E lá a gente com o chapeu de chuva,
No entanto a casa anda mui teimosa,
Na procura do sonho como uma luva.
Um careca sem cabelo nesta prosa,
Lá anda como o tempo quer e tudo vai,
No jardim de cristal, uma flor mimosa,
Uma flor de sangue que também se esvai.
Sentado num grande banco de prata,
Um pássaro de aço com uma gravata,
Um homem com os olhos do mar.
Naquela estrada de vento ao relento,
Na boca da noite daquele convento,
Lá está o monge de cetim mesmo a olhar.
LUÍS COSTA
10/03/2004