Perséfone
À Luana Moura
Do precipício das angústias, rente
Ao negro paço fúnebre do nada,
Minh’alma triste fez-se o ser regente,
Nas profundezas térreas, a coitada...
Mas, como um sol que surge intransigente,
Nos vastos breus de insana madrugada,
Tu refulgiste, deusa, em minha frente,
Branca, bendita, linda, inesperada!
E assim livrei-me dos brutais negrumes,
Das infernais tristezas, dos horrores,
Quando chegaste, deusa, com teus lumes...
Ó divindade que extermina dores,
Deixa-me estar, amor, nos teus perfumes,
Viver p’ra sempre em teus bilhões de flores!