SILÊNCIO DOLENTE
“Réplica a José Félix”
O tempo é como uma leve sombra vidrada
Na fuligem delirante das fúlvidas intenções,
E é no voo transido de cada madrugada
Que s´ abre o tracejado das frágeis emoções…
Por entre os turvos olhos da incauta mente
Há imprecisas palavras, ora germinadas,
Que dão a toda a alma um silêncio dolente
Na árida nudez das folhas abandonadas.
É no ingénuo bailado, por entre o sim e o não
E n´ imperturbável barca qu´ o destino traçou,
Que desliza, na clepsidra de mim, a ilusão
De um virginal poema que se revelou…
Ai das palavras que não dão sentido ao tempo,
Ai das penas que vão transitando p´ la vida:
Melhor lhes fora voarem ao sabor do vento
E caírem nostálgicas, qual mágoa perdida!
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA