DEPOIS DA NOITE...
Ouvi chegar a noite qual um cego
Enxerga a escuridão da surda voz
Que abre o seu olhar de lua a sós
De fala surda, onde em mim sossego...
Ali naquela cama onde entrego
Meus, ego, id, superego, atroz
Persigo olhar do sonho em sua foz
A madrugada, mar em que navego...
Comi o tempo frio em que tempero
E digeri do infinito ao zero
Pra acordar com o galo me contando...
Enquanto canta a alvorada quente
Que outro dia cria de repente
Cinco sentidos pra se usar amando...
Autor: André Luiz Pinheiro
22/01/2020