REI

Se sigo assim, sem pressa, no abandono,

E durmo o sono justo de um beato,

Se exponho, sem temer, o meu recato,

Com cara de quem vive sobre um trono,

Poder que me protege em bom abono,

É ter em minhas mãos o meu destino...

E posso me mostrar como um menino,

A quem a sorte riu e não questiono.

Sou livre da ambição destes venais,

Que pensam dominar o mundo inteiro,

Roubando ao pobrezinho o chão que pisa...

Ninguém me rouba o canto dos pardais...

A cor do céu, contida em meu tinteiro...

Meu reino, do meu sonho se indivisa.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 22/01/2020
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