REI
Se sigo assim, sem pressa, no abandono,
E durmo o sono justo de um beato,
Se exponho, sem temer, o meu recato,
Com cara de quem vive sobre um trono,
Poder que me protege em bom abono,
É ter em minhas mãos o meu destino...
E posso me mostrar como um menino,
A quem a sorte riu e não questiono.
Sou livre da ambição destes venais,
Que pensam dominar o mundo inteiro,
Roubando ao pobrezinho o chão que pisa...
Ninguém me rouba o canto dos pardais...
A cor do céu, contida em meu tinteiro...
Meu reino, do meu sonho se indivisa.