CARRARA

CARRARA

Para arrancar da rocha a forma nua

Que clamava, insabida, sob os veios,

É preciso valer-se de hábeis meios

Onde apenas promessa se insinua.

Após finalizada, à luz da lua

Se me revele viva sem receios

Essa matéria fria em cujos seios,

Perdida, minha mão quase flutua…

Surgidos de cinzel, martelo e lixa

Seus traços juvenis se perpetuem

No que entre mármore e aço fora rixa.

Devotos, olhos fitos a cultuem

Feita deusa de porte majestoso

Aquela em que recordo doce gozo.

Betim—22 01 2020