A irmandade dos sonetos sombrios
Buraco negro (A irmandade dos sonetos sombrios 1)
No mais recente, a sede dos recém-nascidos
E uma vida inteira de virtuoso carinho
Parece jaz esquecido,
Largado pelo caminho
Tons escuros vibrantes do presente
Parecem desbotar as cores do passado
E o que antes era quente
Parece agora resfriado
Mudei eu, você ou mudamos nós?
Será que tem explicação
Esta vontade de ficar a sós?
Fecho a cortina para concentração
O esforço é para desatar nós
Só sei que o escuro é a cor da solidão
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Arco da velha aliança (A irmandade dos sonetos sombrios 2)
No fim do Arco-íris um pote de ouro era fantasia
Ou é um Arco-íris Quero-quero, a disfarçar seu ninho
Te apontando para aonde não devia
Só para que não encontres o caminho
E quando parece chegar, a alegria é mais adiante
Espectro de cores a te enganar
Dando voltas num inferno de Dante
O legado e o desejo a te enrolar
Mas na última entrada despojei minhas esperanças
E por trás da cortina colorida se fez fumaça
O sonho de encontrar as bem-aventuranças
E o que pensam já não me serve de mordaça
Por dedos murchos deixo escorrer a aliança
Acabou o sentido que recheava esta carcaça
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Aviso aos navegantes (A irmandade dos sonetos sombrios 3)
Nunca simulei ser outra pessoa
E em mim o viver sempre foi vibrante
O que fez você desejar estar nesta canoa
De passageira uma eterna viajante
E hoje queres a calma de uma lagoa
Mas continuo querendo desbravar o mar aberto
Meu interesse é na proa
Todo mais para mim é deserto
Embarcou e amotina para estabelecer a sua lógica
Imaginou que poderia me mudar
Seu tíquete foi obtido com falsidade ideológica
Não penses que vai me acalmar
Da minha paciência está se tornando pródiga
E ela esta por uma braça para acabar