A hora

Senhora, este relógio na parede,

mentindo que esta noite inda é manhã,

semelha até meu coração no afã

de eternizar teu gosto em minha sede.

E, ali parado, deixa-me à mercê de

uma esperança ingênua pro amanhã:

de, quando houver no tempo outra hora irmã,

eu te rever dormida sobre a rede.

O frágil tempo passa, eclode o drama.

Os pinos sempre às sete; e se derrama

sobre meu triste olhar o dia inteiro.

Este contraste é lindo e dói, senhora...

Ver no relógio a perdurável hora

simbolizar amor tão passageiro.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 21/01/2020
Reeditado em 22/08/2021
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