AVISO AOS NAVEGANTES

(Interação ao poema A PRESA, do Poeta Carioca)

Unidas, terra e força de gravidade

Exercem sobre nós sua forte atração,

Querendo levar-nos para baixo do chão,

Simultaneamente, sem dó nem caridade.

Nós, presas inocentes, andamos à toa

Pela superfície, sem saber da verdade,

De tudo que se trama contra a humanidade,

Que aceita como gado o que a fere e magoa.

Desde os primeiros passos sobre a litosfera,

É como se pisássemos numa armadilha,

Que escondesse lá embaixo uma fera.

Um dia, sem aviso, abre-se um alçapão,

A presa cai, a terra faz a digestão.

Aviso aos navegantes: cochilou, já era!

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A PRESA

Durante os alegríssimos instantes

Dos quais, incrivelmente, se acredita

Que a egrégia vida faz-se cá bendita,

Enquanto as mortes vêm concomitantemente!

Alguns destinos traçam claudicantes,

Na providência tábuas eruditas

São eufemismos, sagas inauditas,

De vida e morte: ignotos litigantes!

Pela ânsia insólita engalana o medo,

A confissão no luto do segredo

Revela a lúcida e hórrida tristeza,

Pois na motriz adâmica da argila,

Cuja verdade o assunto se aniquila:

Da terra somos a terrível presa!

Poeta Carioca

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 20/01/2020
Reeditado em 21/01/2020
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