AVISO AOS NAVEGANTES
(Interação ao poema A PRESA, do Poeta Carioca)
Unidas, terra e força de gravidade
Exercem sobre nós sua forte atração,
Querendo levar-nos para baixo do chão,
Simultaneamente, sem dó nem caridade.
Nós, presas inocentes, andamos à toa
Pela superfície, sem saber da verdade,
De tudo que se trama contra a humanidade,
Que aceita como gado o que a fere e magoa.
Desde os primeiros passos sobre a litosfera,
É como se pisássemos numa armadilha,
Que escondesse lá embaixo uma fera.
Um dia, sem aviso, abre-se um alçapão,
A presa cai, a terra faz a digestão.
Aviso aos navegantes: cochilou, já era!
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A PRESA
Durante os alegríssimos instantes
Dos quais, incrivelmente, se acredita
Que a egrégia vida faz-se cá bendita,
Enquanto as mortes vêm concomitantemente!
Alguns destinos traçam claudicantes,
Na providência tábuas eruditas
São eufemismos, sagas inauditas,
De vida e morte: ignotos litigantes!
Pela ânsia insólita engalana o medo,
A confissão no luto do segredo
Revela a lúcida e hórrida tristeza,
Pois na motriz adâmica da argila,
Cuja verdade o assunto se aniquila:
Da terra somos a terrível presa!
Poeta Carioca