PENAS AO LÉU
Os olhos transbordam de dor pelas aves
perdidas no pó lacerante dos ventos,
aqueles açoites carrascos de alentos
entregues, exaustos, às sôfregas naves.
Relembro os adejos de curvas suaves
riscando o infinito de alguns firmamentos,
agora calados, sem brilho e cinzentos,
imagem que deixa as feridas mais graves.
Não têm sobre as asas qualquer senhorio
os tais passarinhos e, assim, balbucio
as últimas falas porque se consuma
a morte dos sonhos, meus plúmeos parceiros,
na cama onde ficam os dois travesseiros
e um lado vazio, sem graça nenhuma.