ABRUPTO

ABRUPTO

Súbito, o nada: Vazio absoluto...

Escuridão sem luz desde o Infinito!

A morada dos mortos d'onde aflito

Contemplasse confuso o próprio luto.

Talvez da narrativa um corte astuto,

Ultimando a vida ou algo mais bonito.

Ou então, n'algum lugar estava escrito

D'essas vozes que apenas eu escuto.

O facto é que, afinal, não há mais nada

E o que fiz ou não fiz não me incomoda,

Tampouco se minha obra terminada.

Aliás, consigo rir da coisa toda:

Na passagem, minh'alma abandonada

Não ser sequer estrela posta em roda.

Betim - 15 01 2020