POETAS DO SAMBA - OSVALDINHO DA CUÍCA
MINHA VIZINHA
(Osvaldinho da Cuíca)
Eu vivia e morava na periferia
Mas certo dia resolvi mudar
E fui morar na vila monumento
Num apartamento de vista espetacular
Mas a minha alegria durou muito pouco foi só um minuto
Pois o problema é a vizinha do lugar
Bis: ela é anarquista, ela é terrorista da faixa de gaza
E fez meu sonho em pesadelo se acabar
Quando ela fala parece a corneta de um regimento
Convocando a tropa no apartamento
Que é muito pequeno pro seu batalhão
É cachorro que late, a velha que grita, a gorda que berra
Criança pulando brincando de guerra
Tirando o sossego deste cidadão
Refrão:
Minha vizinha é maloqueira
Maloqueira, maloqueira
Sem era nem beira, sem educação
Desabafo cantando esse samba pra ela
Com muito respeito e consideração
Breque
(que ela tenha um infarto pro bem da nação)
Osvaldinho, tua vizinha é u'a mala
E ao mudar entraste numa fria
A praga acabou co'a tua alegria,
Pois, pelo jeito, não há como aguentá-la.
Devias ter feito uma sindicância
Antes de ir morar nesse lugar
E tens um abacaxi pra descascar
Sem nunca apelar pra ignorância.
Agora tu estás em maus lençóis
Por causa de uma doida maloqueira
E ainda cantas um samba pra ela
Tu não te livras dessa matusquela
Nem mesmo com macumba ou rezadeira,
Melhor é dar o fora - e vamos nós.