Fosforescência

Risco no escuro um fósforo, e ele queima

devagarinho até chegar no dedo...

Enquanto o rádio toca "ainda é cedo..."

a luz da chama acende-me um poema.

Dispenso-o antes do fim. Repito o enredo

e risco um outro fósforo. O problema...

A luz agora é outra, é só o emblema

daquela que findou. Volto ao degredo.

Na caixa ainda há fósforos. Desisto.

Levanto-me e procuro a luz de Thomas

pra do poema achar o feixe, a facha.

Não há nem mais ideia. Meu delito

foi não ter me provido dos sintomas

da fina poesia. Busco a caixa...

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 06/01/2020
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