Fosforescência
Risco no escuro um fósforo, e ele queima
devagarinho até chegar no dedo...
Enquanto o rádio toca "ainda é cedo..."
a luz da chama acende-me um poema.
Dispenso-o antes do fim. Repito o enredo
e risco um outro fósforo. O problema...
A luz agora é outra, é só o emblema
daquela que findou. Volto ao degredo.
Na caixa ainda há fósforos. Desisto.
Levanto-me e procuro a luz de Thomas
pra do poema achar o feixe, a facha.
Não há nem mais ideia. Meu delito
foi não ter me provido dos sintomas
da fina poesia. Busco a caixa...