LAMENTAÇÕES DE CÍCERO

Recai sobre mim o peso dos anos e o arrependimento doído

De não ter sido mais pra você do que esse homem estúpido

Tanto sofrimento e opressão nesses meus anseios de marido

Nunca perguntar se eras feliz, soprar eu te amo em teu ouvido

Como os anos se passaram sem que eu me apercebesse disso

E as humilhações continuaram sem que sequer pena eu sentisse

Não perceber todo o amor, suportar chorando, quieta, sem aviso

Tudo que eu despejava, o lixo do pior de mim, minha imundície

Deste-me o teu melhor enquanto sobre ti larguei ódio e pancada

Sobrou-me agora a casa vazia e a dor que nunca mais passará

És feliz de verdade agora, os teus dias serão plenos, és amada

Olho lá fora a paisagem, não há nada, só desolação, chão árido

Galhos de árvores distorcidos e secos, o desassossego da alma

No prato a sopa esfria enquanto eu deliro, o veneno agirá rápido

Anderson Roberto do Rosário
Enviado por Anderson Roberto do Rosário em 06/01/2020
Código do texto: T6835476
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