SANGUE ROUBADO
Nossa esperança morta, uma iguaria,
sobeja em gabinetes enfeitados
por mesas onde o odor da vilania
deslumbra legiões de engravatados.
Inúmeros sorrisos se espolia
em nome da avidez dos celerados
pelo brilho de cifras, alegria
dos cofres com pilhagem abastados.
Nas festas concebidas sem segredo,
invariavelmente, o mesmo enredo
anima quem promove: a impudicícia.
É doloroso ver que sobre os dentes
da corja escorre o sangue de inocentes,
os cidadãos cansados da sevícia.