RESTOS
Aos poucos, míngua aquele sentimento,
o fogo em que reinavam as quimeras,
rugia o desatino e nossas feras
deitavam todo o instinto famulento.
Por tudo que vivemos, um lamento
percorre-me a garganta e nas escleras
despeja as enxurradas das severas
recordações, um sal no ferimento.
Resistem estas lágrimas nos braços
dos restos de um romance, todavia,
percebo a brevidade da amargura.
Os sonhos rolam mortos, aos pedaços,
no rosto abandonado e a cama fria,
sem eles, cada vez menos tortura.