É a tarde na derradeira hora

É a tarde na derradeira hora,

ah, silente como a pétala de lis...

Que pende serena sobre os alcantis,

à luz que nasce ao caires da aurora.

Gorjeios d'aves, aqui sempre me diz,

a vida, vendo a tarde que vai embora...

Porque, tu és assim, poeta, infeliz,

em teu caminho uma flor inda aflora.

Os brilhos do luar, aqueles brilhos,

ai, sem um destino sigo aqui agora,

sem vós pr'alumiares os meus trilhos.

Só a chuva enquanto o dia anoitece,

e n'alma, lembranças belas de outrora,

e o dobre silencioso de uma prece.

ThiagoMac
Enviado por ThiagoMac em 02/01/2020
Reeditado em 05/02/2020
Código do texto: T6832726
Classificação de conteúdo: seguro