É a tarde na derradeira hora
É a tarde na derradeira hora,
ah, silente como a pétala de lis...
Que pende serena sobre os alcantis,
à luz que nasce ao caires da aurora.
Gorjeios d'aves, aqui sempre me diz,
a vida, vendo a tarde que vai embora...
Porque, tu és assim, poeta, infeliz,
em teu caminho uma flor inda aflora.
Os brilhos do luar, aqueles brilhos,
ai, sem um destino sigo aqui agora,
sem vós pr'alumiares os meus trilhos.
Só a chuva enquanto o dia anoitece,
e n'alma, lembranças belas de outrora,
e o dobre silencioso de uma prece.