AFÃ DO TEMPO
Vai-se o tempo em rajadas de eventos
Varre o instante sem pressa ou demora
Esvai silente e plácido o agora
Nesta insana fluidez dos momentos.
O presente é vela aos sete ventos
Feito negrume às luzes d'aurora
Quando assaz, mãe-da-lua, assim chora
Pelos bosques, seus tristes lamentos.
Mas, o porvir é insone liame
De fusca noite e alva manhã
Nicho dos fatos, lépido enxame
Ânsia da instância, intrépido afã
Paixão do tempo, rígido estame
Querer do hoje em ser amanhã.