O MEU RIO BALSAMÃO
O meu rio inteligente como águas de ternura,
Numa cidade de tristeza chora baixinho...
Como tranças duma criânça pela noite escura,
Voando em taças de sangue dum pobrezinho.
Navega paz podre como um navio de tristura,
O silêncio adormecido como árvores de carinho,
Em tapetes de verdura, numa vida muito dura,
Estendo asas pela saudade triste de pinho.
E um pássaro de aço que caminha na minha rua,
Como estandartes esvoaçando pla estrada nua,
Á procura duma vagina de porcelana muito fina.
O céu chora de tristeza, enquanto a aurora,
É o solesticio do inverno que em nós mora,
Se esperguiça os seus braços da noite felina.
LUÍS COSTA
01/07/2000