São Bento, 64.
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Saudade é de concreto. É tão concreta
que a gente pode ver de onde ela vem:
do olhar que se perdeu dentro de um trem,
do mar, do som, da lua (a predileta)
Saudade a gente toca, e o poeta,
com a habilidade estranha que ele tem,
retoca no esmeril de um verso o bem
que existe dentro dela - a dose certa.
E relembrar é quântico ao extremo.
Bebericar no lábio do passado
a mais entorpecente substância
nos faz luir a mente, até o supremo
encontro entre o que foi fragmentado
e a inteireza eterna que há na ânsia.