TEMPO DE SORTILÉGIO * O derradeiro mito

O Sol declina morno --- fim de tarde.

É tempo de vindimas --- cheira a mosto.

Há um rubor sagrado no teu rosto.

Teu corpo abandonado dá-se e arde.

Prosterno-me a teus pés e sou um círio

que um sacrifício de alma e luz consome.

Meus lábios balbuciam o teu nome

que dulcifica o fel do meu martírio...

Eu sei que vou morrer assim por ti.

Que dádiva dos deuses mereci

de em fumo me cumprir --- de ser o eleito!

Que importa agora quanto foi escrito?

Seremos nós o derradeiro mito...

...este princípio e fim mais que perfeito!

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, Dezembro de 2019.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 22/12/2019
Código do texto: T6824742
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.