Quando nos meus, teus olhos puseste,
que coisa imensa, que absurda magia,
era o meu corpo que no teu sucumbia,
era o chão que me faltava e não me deste
Era um canto que faz do peito refém,
sob as vestes ardido, bêbedo, violado,
que consome o sangue bago a bago,
fogo que morde, sem perdão a ninguém
E tudo o que de mais lindo foi jurado,
na pupila enluarada do passado,
foi festejo que à luz do dia teve fim
E o amor virou saudade, um passarinho,
fiquei com Cartola, Gonçalves e o chorinho,
sozinha, nessa mesa vazia de botequim .
[ Soneto inspirado no soneto de
Nelson de Medeiros - Perfume da ilusão ]
Nelson de Medeiros - Perfume da ilusão ]