Xis sobressalente
De mim sei bem. Eu sei um pouco mais
a cada verso, a cada não-poesia.
Sou (veja bem!) a grã-desarmonia
e estou timbrando as notas dos cristais.
Sei muito bem! Sou muda gota fria
cavando um vão em teu ventre, capaz
de oceanar teu riso. Aliás,
de celestiar teus olhos de euforia.
"Bem sei de mim." Dizendo assim, parece
até que sei. Até que o alicerce
do "quem sou eu?" me resolveu remir.
Só sei de mim um xis sobressalente:
meus lábios negam, meu olhar desmente
qualquer saber que não me leve a ti.