Milagre

Milagre

Independência, mãe! Mata-me agora.

Agora, nem depois um só segundo.

Os pássaros lá fora choram o mundo,

assim como eu o choro e o tempo o chora.

Canções, graves poemas, luz e hora,

a voz de Jeová no azul profundo

- São para mim, boníssima senhora,

um pouco de viver, mas eu me afundo.

Não podem me matar a dor e o medo,

Nem há de me extinguir tímido enredo

de amores vãos e sonhos e mentiras.

Mas mãe, que esta lamúria se consagre:

Se tu me deste a vida por milagre,

por que é que por milagre não me a tiras?

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 13/12/2019
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