EU SOU UMA ÁRVORE DE VENTO
Eu sou uma árvore de vento,
que chora com lágrimas de cera,
eu sou a noite da nosso Primavera,
Que grita ao céu neste momento.
Eu sou o mar que abraça o lamento,
Aquele que em pouco diz tudo era...
Sou uma flor murcha desta cratera,
que quer dormir sossegado no portento.
Eu sou a trovoada que faz o trovão,
Eu sou o poema de António Gedeão,
Eu sou o poema de Florbela Espanca.
Eu sou o poema do nosso Miguel Torga,
Eu sou aquela tertúlia que é uma borga,
Eu sou o poeta insignificante na noite branca.
LUÍS COSTA
19/05/2005