À ORDÁLIA
À ORDÁLIA
-- "Deus que decidirá quem de nós dois,
Andando em labaredas, posto à prova,
Se de reta opinião a ideia nova
Ou se vãs subversões a ver depois..."
-- "Deixai de acintes, padre. Por quem sois!...
Que haveis-de lucrar com minha cova?
Todo o povo nos assiste e nos reprova...
Morrermos por verdades? Ora, pois!"
-- "Deus é quem deu a vida e dá a morte.
Se estiver no erro e for Sua vontade,
Aceito de bom grado essa má sorte."
-- "Buscais ter a razão, não a verdade.
De modo que sejais -- sem que isso importe... --
Amigo não de Deus, sim da vaidade!"
Belo Horizonte - 07 12 2019