POETAS DO SAMBA - NELSON SARGENTO

AGONIZA MAS NÃO MORRE

(Nelson Sargento)

Samba,

Agoniza mas não morre,

Alguém sempre te socorre,

Antes do suspiro derradeiro.

Samba,

Negro, forte, destemido,

Foi duramente perseguido,

Na esquina, no botequim, no terreiro.

Samba,

Inocente, pé-no-chão,

A fidalguia do salão,

Te abraçou, te envolveu,

Mudaram toda a sua estrutura,

Te impuseram outra cultura,

E você nem percebeu,

Mudaram toda a sua estrutura,

Te impuseram outra cultura,

E você nem percebeu.

Lamentas, mestre Nelson, a maneira

Como a elite, bem sorrateiramente,

Aos poucos foi tornando diferente

O samba que se fez da vez primeira

E exaltas essa força sem igual

Com que resiste, mesmo massacrado,

Mal visto e sempre tão discriminado,

Para tentar manter-se original.

Estás agora com noventa e cinco

De idade, sendo um grande lutador

Pelo que de mais puro o samba tem

E mostras ao Brasil, como ninguém,

Que a alma de um bom compositor

Não se conforma e luta com afinco.

Bom dia, amigos.

Ótima sexta, Deus os abençoe, bem-vindos à NOSSA página.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 06/12/2019
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