POETAS DO SAMBA - NELSON SARGENTO
AGONIZA MAS NÃO MORRE
(Nelson Sargento)
Samba,
Agoniza mas não morre,
Alguém sempre te socorre,
Antes do suspiro derradeiro.
Samba,
Negro, forte, destemido,
Foi duramente perseguido,
Na esquina, no botequim, no terreiro.
Samba,
Inocente, pé-no-chão,
A fidalguia do salão,
Te abraçou, te envolveu,
Mudaram toda a sua estrutura,
Te impuseram outra cultura,
E você nem percebeu,
Mudaram toda a sua estrutura,
Te impuseram outra cultura,
E você nem percebeu.
Lamentas, mestre Nelson, a maneira
Como a elite, bem sorrateiramente,
Aos poucos foi tornando diferente
O samba que se fez da vez primeira
E exaltas essa força sem igual
Com que resiste, mesmo massacrado,
Mal visto e sempre tão discriminado,
Para tentar manter-se original.
Estás agora com noventa e cinco
De idade, sendo um grande lutador
Pelo que de mais puro o samba tem
E mostras ao Brasil, como ninguém,
Que a alma de um bom compositor
Não se conforma e luta com afinco.
Bom dia, amigos.
Ótima sexta, Deus os abençoe, bem-vindos à NOSSA página.