BOCA DE CENA

BOCA DE CENA

Esta é aquela que... oh! Devora actores!...

... E depois os vomita sobre o mundo...

O palco, feito a língua do Profundo,

Degusta-lhes os sonhos e os temores.

Ali parvos se fingem grã-senhores,

Trazendo d'um desastre algo fecundo.

E o público, por um breve segundo,

Finge crer que está diante de primores.

O drama é encenado como fora

Outro mundo imitando o mundo fora

E outros ao mesmo tempo o mesmo vendo.

Mas no final assomam ao proscênio

A receber o aplauso ao humano gênio,

Quando o ápice catártico vivendo.

Ibirité - 30 11 2019