APENAS UM POEMA - soneto

APENAS UM POEMA

Lilian Maial

Enquanto a noite em mim cavava

crateras, nos olhos submersos,

nenhuma vã gota rolava

nas linhas do dia que eu meço.

Na cama do tempo, eu deitada,

em dúbias linguagens, tu imerso;

sou fera, que em mudez urrava,

és poeta, nas rimas disperso.

Pois amo-te assim, como amava,

por este amor-luz me entregava.

Embora esquecendo o que peço,

Tu fazes amor com as palavras,

te deitas com as letras molhadas,

enquanto te enxugo, eu, teu verso.

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