ACEDIA

De quantas me livrou e também me fez a entrega...

Nenhuma quimera me fez livre do teu julgo

Na vivência trôpega e no leito côncavo que não nega

Sou teu discípulo mais tenaz e nunca o refugo

O eterno habitante lunar em prosa e experiência

Apático no amâgo e cansado após o repouso

Aquele que com uma bela máscara traveste sua indolência

Como a justificar seu rasteiro e ignóbil gozo...

Um fim não atestado que se esparrama sobre os ventos tardios

Que tremem as estruturas da casa de madeira que construí ignorando as de rocha

O lar da poeira que me cobre e da companha furtiva daqueles também pouco sadios...

Como o urso estico o braço pra puxar as sobras enquanto outro ciclo se inicia

Desfiado do término azul desbotado da minha eterna incapacidade...

Que voluntariamente me decompõe dia após dia.

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 27/11/2019
Código do texto: T6805276
Classificação de conteúdo: seguro