Pierrô
Eu saio por aí, pierrô fingido,
levando o estandarte da tristeza.
Não cultivo mais nenhuma certeza,
nem estou certo quanto a estar vivo.
No carnaval do coração partido
desfilo a fantasia. Minha princesa
é uma bêbada coxa e sem pureza
que me acusa de a ter prostituído.
E no grotesco desse carnaval
bebo o abismo num copo fatal
e caio aos pés de mil múmias ranzinzas,
e quando a manhã vem me despertar
minhas cinzas todas vão se misturar
às cinzas da quarta-feira de cinzas.