O Amor e o Tempo

O zombeteiro Cronos sempre visita Eros

Dizendo-o que aprenda consigo a passar

Contudo, ébrio de seus amores inúmeros

O pequeno deus teima, insistindo em ficar.

No futuro, entretanto, ambos deuses se igualam

Pois, enfim, todo tempo insiste em avançar

E, no avanço imparável, as colunas se abalam

Do que se fora erguido sem ter um sustentar.

Mas o amor que é um insistente teimoso

Desperta do profundo da alma humana

Desejos de manter, mesmo sendo custoso

As colunas erguidas d'onde a paixão emana

Imaturo, então, se rói de ciúmes o tempo

E de mãos dadas com Eros vai-se indo com o vento.