Da minha Oficina de Sonetos
No coração da noite a vida grita,
a chuva dança uma valsa molhada,
e no boteco uma alma alquebrada
bebe uma dose de ilusão maldita.
Assim a vida fica mais bonita
e a solidão fica menos pesada.
O ébrio lança sua alma ansiada
na imensidão da leveza infinita.
Bebem todos pela rua imensa,
enquanto a noite alta fosforeja,
e até o filósofo da fronte tensa,
com sua veia que pulsa, lateja,
a reflexão sem demora dispensa
e molha o pensamento na cerveja.