POETAS DO SAMBA - CHICO SANTANA
SACO DE FEIJÃO
(Chico Santana)
Meu Deus mas para que tanto dinheiro
Dinheiro só pra gastar
Que saudade tenho do tempo de outrora
Que vida que eu levo agora
Já me sinto esgotado
E cansado de penar, meu Deus
Sem haver uma solução
De que me serve um saco cheio de dinheiro
Pra comprar um quilo de feijão
Me diga gente
De que me serve um saco cheio de dinheiro
Pra comprar um quilo de feijão
No tempo dos "merréis" e do vintém
Se vivia muito bem, sem haver reclamação
Eu ia no armazém do seu Manoel com um tostão
Trazia um quilo de feijão
Depois que inventaram o tal cruzeiro
Eu trago um embrulhinho na mão
E deixo um saco de dinheiro
Ai, ai, meu Deus
POETAS DO SAMBA - CHICO SANTANA
(Mario Roberto Guimarães)
A cada vez que uma reforme monetária
Resolve ir à mente de um economista,
Até parece grande coisa, uma conquista,
Mas, ao final, eis que revela-se contrária
Ao povo, que mais parece um equilibrista,
Passo após passo, sobre a corda monetária
Esticada, da política perdulária,
A derrubá-lo, seja a prazo ou seja à vista,
O que mantém em cada um esta ilusão
Segundo a qual, a depender de um povo ordeiro,
A coisa toda, por si só, se organiza
E em obra rara, manifestas ojeriza
Ao que te leva a ter um saco de dinheiro
Para comprar um embrulhinho de feijão.
Bom dia, amigos.
Excelente quinta, com as bênçãos de Deus. Bem-vindos à NOSSA página.