Soneto Noturno
A noite tem janelas e amplidões,
tem passos ébrios, fortes, impassíveis.
É um reino de estúpidas diversões,
um circo de acrobacias falíveis.
Tem antenas atentas em seus plantões
que captam poemas taquicardíveis.
Os bares guardam bêbados foliões
e leões de corações comestíveis.
Eu bebo à noite e a este vão momento,
na minha embarcação subjetiva
que naufraga em árduo questionamento.
Saúdo aos que erguem o copo e bradam um viva,
depois mergulham em um negro pensamento,
reféns da existência sempre à deriva.