Soneto Existencialista
A multidão eletrizada e louca
segue os caminhos, as ruas sem dono.
Há um desejo em cada ávida boca
de beber e de ser todo o oceano.
Cada passo na distância se engrandece
e o ser continua a sua procura,
sem que essa procura jamais cesse,
alimentada além pela fissura.
O tempo tremula, convidativo,
o azul dá uma idéia de mais fundo,
revela em si o ápice do vivo.
Circula na seiva, a cada segundo,
um ímpeto que lança o ser (motivo?)
à sua própria origem no mais fundo.