Mnemosine

Uns fingem esquecer por mera opção

Outros, de reminiscência são já desprovidos

Eu, dissimulado, não ouço a razão

E teimo em lembar de marcos esquecidos

Relembro meus passos nessa trajetória

De pretéritas torturas e pleitos antigos

Por mais que não queira, me volta à memória

O brilho do amor d'antes dos meus castigos

Os cheiros, as cores, sabores do mundo

Meus sentidos recordam: não eram assim!

Eram vivos com o lume do brilho profundo

Hoje são tristes, frios, de morte, por fim

Por migalhas me têm de um comum vagabundo

Culpa minha deixar que se faça outrossim.